Vida em Movimento – T3:E4 – Cultura da Doação

Vamos começar com uma boa notícia: a cultura de doação tem se proliferado no Brasil e no mundo. Segundo números da social tech Doare, parceira da Fundação na construção de sua plataforma de doações, o volume de transações online com essa finalidade saltou de R$ 588 mil, em 2016, para R$ 2,3 milhões, em 2021. Esse é o tema do quarto e último episódio (da terceira temporada) do Vida em Movimento, o podcast da Fundação Grupo Volkswagen. Além de sabermos mais sobre a história do dessa data, também conversamos com o CEO da Doare, Ruy Fortini, que nos contou tudo sobre a cultura da doação entre os brasileiros. E para terminar com outra boa notícia: embora tenha aumentado por conta da pandemia, o número de doações hoje, momento menos agudo da crise sanitária, é maior do que quando ela começou. “A gente se manteve num patamar mais elevado de quando a gente entrou na pandemia, então isso é um indicativo bastante positivo de que a cultura da doação está se solidificando”, avalia Ruy. Aperte o play e inspire-se!
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VINHETA DE ABERTURA

FUNDO MUSICAL

Olá a todas e todos. Bem-vindos ao quarto episódio da terceira temporada do Vida em Movimento, o podcast da Fundação Grupo Volkswagen.  Eu sou Ludmila Vilar e hoje vamos falar sobre o doar, um gesto tão importante que existe até uma data para celebrá-lo: o Dia de Doar.

Em 2022, esse dia foi comemorado em 29 de novembro. Isso porque  a data muda a cada ano. E muda justamente por conta da sua história, que vamos contar aqui. O Dia de Doar nasceu nos Estados Unidos em 2012 e é chamado  de Giving Tuesday, que significa terça-feira da doação. Isso porque sempre acontece na primeira terça-feira após o Dia de Ação de Graças, um dos feriados mais importantes nos Estados Unidos, que é celebrado em 24 de novembro.  Trata-se do famoso Thanks Giving, comemorado sempre na última quinta-feira de novembro, período que antecede a não menos conhecida Black Friday.

E por que falar em Black Friday  já que o assunto é doar?  É que o Dia de Doar foi criado justamente para ser um contraponto à gastança da Black Friday. Ou seja, é um movimento para promover a generosidade e que nos convida a repensar os usos que fazemos do dinheiro. No Brasil, o Dia de Doar foi realizado pela primeira vez em 2013, um ano depois da primeira edição americana. A partir de 2014, o Brasil passou a fazer parte do movimento global, que hoje conta com a participação oficial de 85 países. A responsável pela organização da data aqui é a Associação Brasileira de Captadores de Recursos, a ABCR, que lidera a mobilização local. O dia também é realizado como parte do “Movimento por uma Cultura de Doação”, coalização de organizações e indivíduos que  promove o engajamento da sociedade civil nessa causa.

A essa altura, você já deve estar se perguntando: o que que eu posso doar e de que forma eu posso fazer isso?  Há muitas maneiras de expressar suas preocupações com diferentes agendas e fazer parte desse movimento mundial.  Vale ressaltar que uma doação não está obrigatoriamente relacionada a dinheiro apenas. É possível doar bens de consumos duráveis como móveis, roupas, eletrônicos e eletrodomésticos, e não duráveis , como alimento, por exemplo.

A gente pode doar também um item cada vez mais valioso hoje em dia: o nosso tempo. Nesse caso a doação acontece na forma de trabalho voluntário ou das chamadas compras solidárias. Essas compras solidárias acontecem, por exemplo,  quando acessamos alguma ONG ou plataforma online para comprar algo que será entregue a quem precisa.

Aliás, um parênteses aqui: pra saber mais sobre a história do voluntariado vá ao episódio 3 desta temporada. Lá nós tratamos do tema e trouxemos uma entrevista com Daniel Morais, fundador e diretor executivo da plataforma Atados.

E sabiam que até mesmo a iniciativa de encorajar amigos e familiares é uma maneira de fazer parte dessa corrente do bem? Uma pesquisa de 2021 sobre doações não-monetárias mostrou que pessoas, de qualquer cultura, expressam uma variedade de comportamentos quando o assunto é generosidade, solidariedade, empatia e senso colaborativo.

O estudo foi realizado pelo movimento Giving Tuesday e ouviu pessoas de sete países, incluindo o Brasil. De acordo com a pesquisa, por aqui e no México, o ato de compartilhar bens como alimentos ou roupas representou a maior parcela dos chamados comportamentos de doação. Repasses que foram feitos de maneira, digamos, informal. Por meio de familiares ou redes comunitárias. Também há destaque para as redes de pessoas que se engajam de forma espontânea para fazer boas ações. Tivemos bons exemplos disso durante a pandemia, quando muita gente doou alimentos, roupas e utensílios domésticos para quem tinha perdido o emprego ou estava numa situação vulnerável.

E isso, acreditem, acontece a todo momento. Mesmo que a gente nem fique sabendo. E  fica aqui um convite para quem quiser integrar esse movimento: tem muita coisa em casa que você não usa? Tá sobrando? Que tal separar e levar para alguma instituição do seu bairro?

O ato de doar, e o estímulo a esse gesto, são também ações encampadas pela Fundação Grupo Volkswagen. Seja ela própria direcionando aportes financeiros de forma pontual. Seja por meio de sua plataforma de doações.

Pontualmente, a Fundação se une a mobilizações como as criadas no final de 2021 e começo de 2022, quando as chuvas causaram desastres em alguns estados brasileiros. Já em sua plataforma de doações, a Fundação tem como parceira a Doare. uma empresa consolidada no meio de pagamentos digitais e comprometida com o fortalecimento de organizações filantrópicas por meio de soluções para captação de recursos.  A Doare conecta pessoas com importantes causas e tudo de maneira segura e transparente.  Mas quem vai falar mais sobre isso e a parceria com a Fundação é o Ruy Fortini, CEO da empresa.

Locutora: Olá, Ruy, bem-vindo ao Vida em Movimento. Prazer receber você.

Convidado: Olá, Ludmila. Tudo bem? Um prazer estar aqui com você também e todos ouvintes do podcast. Fico feliz de estar aqui compartilhando um pouquinho sobre cultura de doação e sobre o Dia de Doar. Então, vamos lá. Vamos para um bate-papo supergostoso.

Locutora:  Como você avalia a trajetória do Dia do Doar? O movimento está ganhando mais corpo no Brasil e no mundo?

Convidado: Com certeza o movimento do Dia de Doar tem ganhado corpo no Brasil e no mundo. Lá fora também é conhecido como Giving Tuesday, aqui no Brasil a gente tem essa “aportuguesação” do nome, né? E a gente fez pelos números, então por exemplo aqui no Brasil a gente tinha registrado, por exemplo dados desde 2016, onde somente doações online, tá, daí que a gente tem registrados esses dados que é da nossa parceria que a gente tem com o dia de doar. Em 2016 foi movimentado 588 mil reais, já em 2017 678 mil reais, 2018 esse número já subiu para 1 milhão e 200, 2019 esse número sobe para 2 milhões e trezentos, em 2020 a gente teve uma pequena redução aí, de volta para 2 milhões, mas 2021 voltar a ter o crescimento novamente para 2 milhões e trezentos, né? Então assim teve o crescimento forte ao longo desses últimos 5, 6 anos, teve um crescimento de 2020 para 2021 e tudo indica que  teremos um crescimento novamente agora de 2021 para 2022. Nos Estados Unidos também e em outros países a gente também ver esses números crescendo né, não só do Giving Tuesday, mas agora a gente tem o Crypto Giving Tuesday que é um movimento também que monitora o volume de doações realizadas em cryptomoedas, então é, esse número está crescendo bastante, é então é, os meus votos são positivos, esperançosos, é para o futuro do dia de doar, do Giving Tuesday, para a cultura de doação.

Locutora: Novas formas de transação bancária, como o PIX, ajudam a impulsionar doações em dinheiro, por exemplo?

Convidado: Indiscutivelmente o PIX teve um forte impacto no mercado de doações aqui no Brasil , ele foi  muito bem recebido pelas organizações sociais e realmente é uma grande facilidade para as organizações sociais receberem doações através de PIX, pagamentos instantâneos com rastreabilidade, com segurança, é… então sim. Aqui na própria plataforma da Doare onde a gente também intermedia  pagamentos via PIX a gente teve casos de campanhas que arrecadaram mais de 80% dos seus valores com PIX, ou seja, a gente não esperava uma adesão tão forte em tão pouco tempo e a gente até recentemente teve conversas com parceiros de pagamentos nossos do Mercado Pago, do Banco Central, falando sobre o futuro do PIX no Brasil. E também é bastante animador entender que o PIX está em constante evolução, então a gente já sabe de várias novas funcionalidades vão vir para o mercado de PIX para o ano que vem, como o pagamento do que estão falando que como se fosse o PIX recorrente  que permite assinatura, o PIX parcelado, novas formas de pagamentos através de estrutura do open bank também, que está começando a acontecer, de open finacy… Então, com certeza: o PIX é uma grande alegria assim. Eu fico muito feliz que a gente esteja vivendo essa revolução dos pagamentos aqui no Brasil através do PIX.

Locutora: Às vezes as pessoas pensam em doar, mas podem não conhecer muito sobre as instituições, daí pinta um medo. Como a gente pode se informar sobre essas organizações?

Convidado: Eu acho que é um trabalho de interesse e pesquisa, né? E claro que muitas pessoas às vezes doam para organizações que elas tenham um vínculo afetivo maior, mais próximos, que fazem parte da comunidade delas, que algum amigo ou familiar indicou, e é muito bom quando a gente tem essas indicações de pessoas próximas, né? Mas é muito importante realmente a gente buscar saber mais assim. Quais são os projetos que essas organizações têm? Essa organização tem demonstrativos financeiros no site dela? Essa organização tem algum selo certificação, como o Selo Doar? Essa organização faz parte da lista das melhores ONGs do Brasil? Então assim, tem algumas coisinhas que as pessoas podem buscar, enfim, conhecer o site da organização, o Instagram da organização, buscar essas informações. E tem muitas organizações incríveis, organizações pequenas, comunitárias, como grandes organizações brasileiras ou até mesmo organizações internacionais que fazem um trabalho aqui no Brasil, né? Então, com certeza cada um tem espaço para procurar e achar sua causa ou mais de uma causa, e poder apoiar diversas causas também.

Locutora: Como você descreveria o perfil do doador brasileiro?

Convidado: Olha, existem perfis traçados através de pesquisas, e tem a pesquisa Doação Brasil, que fala um pouco mais desse perfil que é majoritariamente feminino, a faixa etária está um pouco mais dos 30 pros 40 do que dos 20 pros 30, né? Mas eu acredito que esse perfil está em constante evolução e eu também acredito que isso vai variar muito e realmente de cada organização, então cada organização vai ter uma persona, um público de potenciais apoiadores que mais faz sentido ali, né? Eu realmente acho que a doação é uma coisa que qualquer pessoa pode praticar e a gente ver que pessoas de diferentes rendas familiares praticando doação, então não é uma coisa “ah não tem que ser uma pessoa rica para praticar uma doação”. De forma alguma. Então se você tiver doando R$ 5 por mês, que uma coisa que provavelmente não vai atrapalhar o seu orçamento familiar, você já pode estar fazendo uma grande contribuição e já praticando a doação, praticando esse ato de generosidade e essa virtude na sua vida.

Locutora: Durante a pandemia os números do voluntariado e de doações aumentaram bastante. Como você explica essa resposta das pessoas em momentos agudos como esse?

Convidado: Eu acho que quando a gente fala de doações, quando a gente toca nessa camada de dor, e as pessoas se conectam com essa dor e elas veem imagens dessa dor, então elas ficam mais sensibilizadas e tocadas a doar. Então eu acho que isso é um dos grandes motivos e é realmente assim é uma dor que existe, não é uma dor maquiada, né? E por um lado, ao mesmo tempo que é muito triste a gente ter que passar por esse desafio e essas tragédias enquanto sociedade, ao mesmo tempo é bonito a forma como a sociedade se organiza e se junta e colabora para resolver esses desafios.

Locutora: E você diria que essa empatia resiste ao dia a dia? Por exemplo, quando a pandemia acabar, será que esses números caem?

Convidado: De fato a gente teve um leve declínio das doações pós pico, né? Mas ao mesmo tempo, a gente se manteve num patamar mais elevado de quando a gente entrou. Então isso é um indicativo bastante positivo de que a cultura da doação ela tá se solidificando, criando raízes cada vez mais profundas e o seu volume mensal, anual, está cada vez ficando maior. Eu acho que o caminho realmente pra gente olhar pra doação nas nossas vidas e pra sociedade é entender que… Eu gosto para esse ato de doação não só como ato de contribuir com uma ONG que está fazendo mudanças positivas na sociedade, mas como uma virtude, né? Então, pra mim doação é um ato de você praticar a virtude da generosidade.

Locutora: De que forma a Doare atua?

Convidado: A Doare é uma socialtech, uma ESGtech, que trabalha viabilizando soluções  de doações online para organizações filantrópicas, organizações do terceiro setor, ONGs,  OSCIPs, fundações, institutos e também empresas conscientes, né? Empresas que queiram realizar campanhas de doações junto aos seus colaboradores . Então, nós atuamos já há 12 anos no mercado , então quando tudo era mato em termos de tecnologia para doação e a gente faz esse meio de campo, mas a gente é muito mais que somente uma tecnologia, então a gente também se envolve com a parte de design, estratégia. Então, eu acho que a gente é uma fábrica de soluções de inovações social.

Locutora: E sobre a parceria com a Fundação? O que ela significa para a Doare e para o próprio cenário da doação?

Convidado: É uma grande satisfação poder apoiar a Fundação Grupo Volkswagen com o recebimento de doações online. Essa parceria foi iniciada praticamente vai fazer 1 ano. Dentro dessa parceria a gente conseguiu apoiar tanto na parte de comunicação visual, estratégicas para criar um canal de recebimentos de doações e também na tecnologia para receber doações de forma segura e através de diferentes meios de pagamentos. Então, é com enorme satisfação que a gente tem a possibilidade de oferecer serviços  e criar essa parceria junto com a Fundação Grupo Volkswagen com intuito de arrecadar mais doações que com certeza vão beneficiar  a vida de outras pessoas.

E assim chegamos ao fim da terceira temporada do podcast Vida em Movimento.  Esperamos que o programa tenha ajudado a todas e todos a saberem mais sobre o gesto da doação e as formas de participar. Um abraço e até o ano que vem!

O podcast Vida em Movimento é uma realização da Fundação Grupo Volkswagen. Produção, pesquisa e roteiro: RPTCom e Fundação Grupo Volkswagen. Apresentação: Ludmila Vilar. Produção musical, gravação, edição e finalização BANCA Comunicação.