Vida em Movimento #04 – Mobilidade urbana
Narrador:
Mobilidade urbana. Mobilidade social. Inclusão de pessoas com deficiência.
“Vida em Movimento”, o podcast da Fundação Grupo Volkswagen.
Fundo musical.
Marcelo Abud:
Olá! Este é o “Vida em Movimento”, o podcast da Fundação Grupo Volkswagen. Eu sou Marcelo Abud, professor e podcaster.
Renata Pifer:
E eu sou Renata Pifer, internacionalista e integrante do time da Fundação.
Marcelo Abud:
Hoje vamos falar sobre mobilidade urbana.
Renata Pifer:
No início de 2020, a consultoria Kantar divulgou o estudo mobility features, com a projeção de como será a mobilidade urbana em 31 cidades no mundo, até 2030. São Paulo, única cidade da América Latina a aparecer na lista, deve vivenciar uma grande mudança no uso do transporte.
Marcelo Abud:
Para entender melhor sobre mobilidade urbana, vamos conversar hoje com a Elisabete França, que foi nomeada, recentemente, Secretária Municipal de Mobilidade e Transportes de São Paulo.
Renata Pifer:
É um prazer ter você conosco neste quarto episódio do Vida em Movimento. Muito obrigada.
Elisabete França:
Obrigada pelo convite. É um prazer estar aqui debatendo com vocês, da Fundação Volkswagen, novamente. Então vamos falar um pouco sobre mobilidade urbana!
Marcelo Abud:
Elizabete, para começar o nosso papo, você poderia explicar para nós o que é mobilidade urbana e como ela impacta a vida das pessoas?
Elisabete França:
Ela é um conceito abrangente que leva em conta todas as formas das pessoas se moverem pela cidade. O centro da mobilidade urbana, obrigatoriamente, deve ser o pedestre. Às vezes, a gente esquece disso. Ele pode se deslocar de ônibus, de trem, de metrô, que constitui a rede de transporte público das cidades. Ele pode se deslocar a pé, de bicicleta, ou patinete, de carro, de táxi, de aplicativo. Todos esses sistemas que apoiam a circulação das pessoas na cidade e como integrar, aumentar a fluidez, no bom sentido, mas sempre com a proteção do pedestre, é o que, na minha opinião, constitui a mobilidade urbana.
Renata Pifer:
Como Secretária Municipal de Mobilidade e Transportes, com base nas suas experiências, quais são os principais desafios existentes hoje na mobilidade urbana?
Elisabete França:
Nós estamos tendo uma mudança, sem dúvidas, mesmo antes da pandemia, no sentido de cuidar da velocidade dos carros para que as vidas sejam salvas, ativar ciclovias no maior número, melhorar as ciclovias e ciclofaixas da cidade, e criar novos espaços onde o pedestre tenha prioridade tanto quando ele caminha, atravessa a rua, enfim, principalmente numa cidade como a nossa. Nós somos 12 milhões de habitantes, 5 ou 6 milhões de carros, 14.000 ônibus, mais linhas de metrô, trem, moto. Nós temos mais de 600 mil motoqueiros na cidade de São Paulo. Existe sempre conflitos entre uns e outros, e cumpre à gente mediar todas essas vontades de circular pela cidade.
Marcelo Abud:
E como o Brasil se encontra na implementação da política nacional de mobilidade urbana e dos planos de mobilidade urbana municipais? Qual o papel e a importância destas políticas públicas?
Elisabete França:
Eu acho que quando a legislação federal obrigou a elaboração de planos de mobilidade, foi um avanço para que as pessoas tenham, principalmente os gestores públicos, tenham essa preocupação. Mas São Paulo já tem seu plano de mobilidade. Em 2018, nós publicamos o plano Vida Segura. É o mais importante dos planos, porque ele objetiva diminuir o número de acidentes e vítimas fatais. A meta nossa, esse ano, é de chegar a seis vítimas fatais por 100 mil habitantes. Nós estamos quase lá – e cumprir, também, a meta do milênio, que é zero vítimas fatais. Então esse plano, ele pressupõe uma série de medidas como implantação de via segura, onde você faz uma série de intervenções, muda tempo de semáforo para proteger o pedestre. A gente tem rotas escolares seguras que favorecem a chegada da criança na escola, sem conflitos com os carros. Tem os territórios educadores, têm as áreas calvas, enfim, é tudo no sentido de diminuir mortes.
Renata Pifer:
Você também dá aulas de arquitetura no ensino superior. Como a discussão do tema tem acontecido nas universidades?
Elisabete França:
Eu sou professora no curso de arquitetura da FAAP, e eu acho que cem por cento dos trabalhos, hoje em dia, levam em conta essa preocupação com mobilidade urbana, e os alunos têm tido preocupações muito legais, sempre levando em conta essa mobilidade ativa, dos pequenos circuitos, espaços públicos, ciclovias. Essa rede de novidades, né, enfim.
Marcelo Abud:
E Elizabeth, até pensando no que você acabou de dizer, da participação dos alunos, e de uma forma mais ampla, os cidadãos podem ser protagonistas na construção das cidades, atuando como agentes de mudança para avançarmos na mobilidade urbana no dia a dia?
Elisabete França:
Eu acho que nós temos que pensar que pequenos circuitos podem ser feitos a pé, ou de bicicleta. Esses dias eu estava vendo os desenhos das crianças, e quando ela vai a pé [para a escola], ela observa a casa, a rua, os amigos, a convivência social, o comércio. Ela interage com várias pessoas, até com moradores de rua. É importante a gente se conscientizar sobre isso, né. Você, ao ir a pé para pequenos circuitos, você interage com a cidade, você exige mais do gestor, você exige calçadas, você exige segurança, você exige sombreamento. Essa é a cultura que a gente deve incentivar. Claro, carro individual é um elemento importante, você não pode prescindir desse elemento, mas acho que pequenos circuitos, é possível evitar, e a gente tiraria muitos carros das ruas, contribuindo para a diminuição da poluição, uma vida mais tranquila, sem estresse. Eu acho que é isso que a gente tem que fazer, né, usar o transporte público – quanto mais gente usando o metrô, trem e ônibus, mais a qualidade tende a melhorar.
Renata Pifer:
Antes de passarmos para as considerações finais, eu queria que você comentasse um pouquinho sobre como esse período de distanciamento social têm impactado a mobilidade
urbana nas cidades. O que podemos aprender com esse momento, e quais as perspectivas daqui para frente?
Elisabete França:
O primeiro impacto é o do transporte público. A gente teve uma queda dos usuários de transporte público enorme, o que significa um impacto enorme nas finanças do município, porque o subsídio vai aumentar esse ano, em um bilhão e meio mais ou menos. Então a gente vai ter que buscar recursos para financiar o transporte público. Ele tem que virar realmente um setor como é o da educação, como é o da saúde, onde você tenha fundos que sustentem essa necessidade. Você não pode prescindir do transporte público, em qualquer que seja o modal, aí incluído também o sistema de bicicletas.
Marcelo Abud:
Elizabete, o microfone está aberto para as considerações finais.
Elisabete França:
Obrigada. Eu queria agradecer o convite para participar do debate. Que mais debates sobre esse tema ocorram, porque a gente tem pela frente a busca dessa mudança cultural que a gente mencionou aqui, e isso requer uma sociedade debatendo sobre o tema abertamente, sem preconceitos, sem criar inimigos ocultos, isso pode, isso não pode… E acho que é o momento certo para que isso ocorra.
Renata Pifer:
Em nome da Fundação Grupo Volkswagen, quero agradecer aqui a participação da Elisabete França, Secretária Municipal de Mobilidade e Transportes de São Paulo.
Narrador:
Vida em Movimento, o podcast da Fundação Grupo Volkswagen.
Marcelo Abud:
Gostou do nosso tema de hoje?
Conte para nós através das redes sociais da Fundação. Queremos saber quais os movimentos que você tem feito em sua vida, e na comunidade, para que o mundo seja um lugar mais equitativo e sustentável.
Renata Pifer:
A produção e o roteiro do Vida em Movimento são da Espiral Interativa e da Peças Raras Produções em Áudio, em parceria com a Fundação.
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Obrigada e até a próxima!
Narrador:
Vida em Movimento, o podcast da Fundação Grupo Volkswagen.